Um vasto pa¨ªs com uma longa linha costeira e um planalto central, Angola atravessa o interior da ?frica Austral e faz fronteira com a Nam¨ªbia, Botswana, Z?mbia, Rep¨²blica do Congo e a Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo. As suas principais cidades, incluindo a sua capital, Luanda, olham para oeste sobre o Atl?ntico Sul at¨¦ ao Brasil, outra na??o de l¨ªngua portuguesa (como ela pr¨®pria). Tem uma popula??o de mais de 36,75 milh?es de habitantes (2023). ?Est¨¢ em curso um recenseamento geral da popula??o para recolher informa??es atualizadas sobre a dimens?o da popula??o.
Panorama econ¨®mico
Angola tem um potencial econ¨®mico significativo. O pa¨ªs ¨¦ rico em recursos naturais, tem uma grande ¨¢rea ar¨¢vel n?o cultivada, beneficia de condi??es climat¨¦ricas favor¨¢veis durante quase todo o ano, adequadas a quase todos os tipos de culturas. Angola tem tamb¨¦m um potencial de dividendo demogr¨¢fico, uma vez que cerca da metade da popula??o ¨¦ jovem. Al¨¦m disso, beneficia de uma localiza??o geopol¨ªtica estrat¨¦gica que pode facilitar a promo??o da integra??o regional.
No entanto, o seu potencial de crescimento tem sido limitado pela falta de diversifica??o econ¨®mica, em resultado da depend¨ºncia do sector petrol¨ªfero. Consequentemente, a volatilidade econ¨®mica conduziu a epis¨®dios recorrentes de instabilidade macroecon¨®mica, que prejudicaram o crescimento e contribu¨ªram para n¨ªveis elevados de pobreza e desigualdade.
O governo implementou uma s¨¦rie de reformas estruturais para melhorar a gest?o macroecon¨®mica e a governa??o do sector p¨²blico. As principais reformas incluem a ado??o de um regime de taxas de c?mbio mais flex¨ªvel, uma pol¨ªtica monet¨¢ria s¨®lida, a consolida??o or?amental (como a reforma dos subs¨ªdios aos combust¨ªveis), uma maior transpar¨ºncia e gest?o da d¨ªvida e a reforma e privatiza??o das empresas p¨²blicas. O ritmo das reformas tem vindo a abrandar devido a uma capacidade institucional, coordena??o e comunica??o limitadas.
O crescimento recuperou fortemente para 4,4% em 2024, contra 1,1% em 2023. Este valor representa a expans?o anual mais significativa desde 2014. A recupera??o foi liderada pelos sectores do petr¨®leo e das minas (diamantes), dos servi?os (impulsionados pelo com¨¦rcio) e da agricultura (impulsionada pela pesca). O excedente da balan?a corrente recuperou para um valor estimado de 6,7% do PIB, contra 4,6% em 2023, gra?as ¨¤ redu??o das importa??es de produtos combust¨ªveis refinados. Consequentemente, as reservas internacionais brutas melhoraram para 15,7 mil milh?es de d¨®lares em 2024, cobrindo cerca de 7,9 meses de importa??es previstas. A moeda registou uma desvaloriza??o de apenas 10% em rela??o ao d¨®lar americano em 2024, ap¨®s uma desvaloriza??o de 64% em 2023.
A infla??o acelerou de 20,4% em 2023 para 27,5% em 2025, devido ao aumento dos pre?os dos produtos alimentares e ao ajustamento do pre?o do gas¨®leo. O Banco Central de Angola reagiu refor?ando a orienta??o da pol¨ªtica monet¨¢ria com um aumento de 250 pontos base da taxa diretora para 19,5% (desde novembro de 2023). As finan?as p¨²blicas registaram uma ligeira deteriora??o. As receitas petrol¨ªferas melhoraram devido ao aumento dos pre?os do petr¨®leo e da produ??o; no entanto, foram mais do que compensadas por uma redu??o das receitas n?o petrol¨ªferas e pelo aumento das despesas. Os pagamentos de juros da d¨ªvida p¨²blica absorvem cerca de 6,2% do PIB, mais de um quarto das despesas totais. O d¨¦fice or?amental global deteriorou-se de 0,7% em 2023 para 1,5% em 2024. A d¨ªvida p¨²blica diminuiu de 89% para cerca de 70,9% do PIB, devido ao maior crescimento nominal do PIB.
O aumento da infla??o e a diminui??o do rendimento per capita afectaram o poder de compra das fam¨ªlias, em especial dos mais desfavorecidos
A subida da infla??o e a diminui??o do rendimento per capita afectaram o poder de compra das fam¨ªlias, especialmente dos mais desfavorecidos. Esta situa??o reflectiu-se no decl¨ªnio cont¨ªnuo do ¨ªndice de confian?a dos consumidores, que atingiu o n¨ªvel mais baixo desde 2020. Este ano, prev¨º-se que mais de um ter?o da popula??o viva com menos de 2,15 d¨®lares por dia. Para atenuar os impactos econ¨®micos da reforma das subven??es aos combust¨ªveis, o Governo alargou o programa de transfer¨ºncias monet¨¢rias ¡°Kwenda¡± ¨¤s zonas urbanas e periurbanas, onde se prev¨º que os impactos da reforma das subven??es aos combust¨ªveis se fa?am sentir mais.
Prev¨º-se que o crescimento atinja 3,2% em 2025, impulsionado sobretudo pelo forte dinamismo dos sectores n?o petrol¨ªferos, uma vez que o sector petrol¨ªfero dever¨¢ regressar ¨¤ sua tend¨ºncia de decl¨ªnio a m¨¦dio prazo. No entanto, prev¨º-se que as restri??es estruturais limitem o crescimento a 3,2% em m¨¦dia em 2026-27, com uma estagna??o do PIB real per capita. Espera-se que uma pol¨ªtica monet¨¢ria rigorosa contenha as press?es inflacionistas decorrentes da reforma dos subs¨ªdios aos combust¨ªveis. Prev¨º-se que a orienta??o or?amental se torne mais flex¨ªvel ¨¤ medida que o pa¨ªs se aproxima do pr¨®ximo ciclo eleitoral.
Consequentemente, prev¨º-se que o saldo global seja de 2% do PIB em 2025-27 e que a d¨ªvida p¨²blica em rela??o ao PIB se situe em cerca de 70% em 2026-27. Prev¨º-se que os saldos externos se mantenham fortes, com as reservas internacionais a cobrirem mais de sete meses de importa??es. A infla??o elevada e o crescimento limitado do PIB per capita s?o suscept¨ªveis de manter elevadas as taxas de pobreza, cerca de 36% em 2026, sublinhando a necessidade de uma rede de seguran?a social mais forte e de um maior desenvolvimento econ¨®mico.
Desafios sociais e de desenvolvimento
A depend¨ºncia de Angola do sector petrol¨ªfero aumentou a sua vulnerabilidade aos choques externos e comprometeu a estabilidade macroecon¨®mica. A forte aprecia??o da taxa de c?mbio real tem prejudicado a economia n?o petrol¨ªfera e limitado a diversifica??o econ¨®mica e a cria??o de emprego. A economia n?o est¨¢ a gerar empregos suficientes para acompanhar o crescimento da popula??o em idade ativa em Angola, enquanto 8 em cada 10 trabalhadores est?o envolvidos em sectores informais e de baixa produtividade. O desemprego dos jovens constitui um grande desafio, com a taxa de desemprego dos 15-24 anos a exceder largamente a taxa global. As elevadas taxas de gravidez na adolesc¨ºncia, as mortes maternas e neonatais e o atraso no crescimento das crian?as sublinham a necessidade de investir no desenvolvimento do capital humano.
A diversifica??o continua a ser ilus¨®ria, enquanto a produ??o de petr¨®leo est¨¢ em decl¨ªnio estrutural e a descarboniza??o global se aproxima a m¨¦dio prazo. Angola precisa de investir urgentemente na remo??o de barreiras ao investimento do sector privado para alcan?ar a diversifica??o econ¨®mica e apoiar o crescimento, a cria??o de emprego e a redu??o da pobreza.
Contexto pol¨ªtico
Angola funciona sob um sistema multipartid¨¢rio, com elei??es gerais de cinco em cinco anos. O Movimento Popular de Liberta??o de Angola (MPLA) est¨¢ no poder desde que o pa¨ªs se tornou independente de Portugal em 1975. Em agosto de 2022, o MPLA venceu as quartas elei??es do p¨®s-guerra com 51% dos votos e garantiu ao Presidente Jo?o Louren?o um segundo e ¨²ltimo mandato.
A n¨ªvel internacional, Angola continua a ser assertiva e a demonstrar empenho na estabilidade em ?frica, em particular na Rep¨²blica Democr¨¢tica do Congo, onde tem liderado os esfor?os regionais para p?r fim ao conflito que amea?a toda a Regi?o dos Grandes Lagos.?
?ltima atualiza??o: 10 de abril de 2025