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INFORMATIVO 15 de mar?o de 2022

Como Angola está a chegar aos pobres e vulneráveis durante o Covid-19


Josefina Nangombe e André Himi est?o entre os mais de 247 mil chefes de agregados famíliares  beneficiados pelo novo programa de transferência de renda do país, Kwenda. Ambos vivem na província da Huíla, em Angola – uma regi?o famosa pelo fabrico de cestos artesanais – e come?aram a receber pagamentos trimestrais do governo de 25.500 kz, aproximadamente $US40, no ver?o passado. A pandemia de COVID-19, juntamente com a queda dos pre?os do petróleo no mercado internacional, resultou numa crise económica que deverá ter grandes impactos negativos no capital humano e nos níveis de pobreza. Nestas circunst?ncias, o Kwenda tem sido uma tábua de salva??o para pessoas como Josefina e André. Com os novos fundos, Josefina, m?e de quatro filhos, está a adquirir porcos para reprodu??o e venda, utilizando esse rendimento para sustentar a família. André, a princípio cético, agora vê a esperan?a de realizar seu sonho de educar os filhos.

Estes testemunhos s?o um exemplo do impacto positivo que o programa Kwenda, lan?ado em Maio de 2020, está a ter nos mais pobres de Angola. O programa promove a inclus?o financeira ao fornecer  pagamentos na forma digital para a maioria dos beneficiários. O Kwenda também vai além das transferências monetárias e oferece aos agregados familiares  pobres e vulneráveis ??acesso a servi?os de desenvolvimento humano, tais como saúde e educa??o, e actividades de inclus?o econ?mica. Implementado pelo Fundo de Apoio Social do Governo (FAS), o Kwenda visa atingir 1,6 milh?o de agregados familiares  de baixa renda em todo o país, muitas delas (60%) chefiadas por mulheres.

Conversamos com Emma Mercedes Monsalve Montiel, que é a líder da equipe de tarefas para a actividade G2Px que apoia o projecto monetário no ?mbito do Projecto de Refor?o do Sistema Nacional de Protec??o Social sobre pagamentos directos do governo para a pessoa por meio de Kwenda est?o  a desbloquear  principais resultados de desenvolvimento, como inclus?o e empoderamento econ?mico das mulheres no país.

Como é que este novo programa de alívio da pobreza, Kwenda, está a ter um impacto positivo nos angolanos?

Kwenda é o primeiro programa de transferência de renda em Angola que presta assistência social na forma de dinheiro e pagamentos digitais, juntamente com actividades de desenvolvimento humano e inclus?o econ?mica. Está a desempenhar um papel crítico no atendimento das necessidades dos mais pobres e vulneráveis, especialmente face à  turbulência econ?mica causada pelo COVID-19.

Kwenda é mais do que apenas um programa de pagamento do governo; proporciona aos beneficiários acesso a servi?os de saúde e educa??o, apoio ao registo de nascimento, entre outros. Os resultados preliminares sugerem que as famílias beneficiárias tiveram acesso melhorado a esses servi?os do que nunca e est?o mais aptas a atender às suas necessidades devido ao aumento do poder aquisitivo que o programa oferece. Além disso, todos os beneficiários obtêm uma subconta, uma conta bancária simplificada ou uma conta móvel. A inten??o é que as subcontas também sejam convertidas em contas bancárias totalmente funcionais no futuro. Essa digitaliza??o de pagamentos está a trazer os sem-banco  para o sector financeiro formal e actua como uma porta de entrada para servi?os financeiros mais amplos, permitindo que eles invistam ou iniciem seus próprios negócios, economizem e gerenciem riscos, entre outras coisas.

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Foto: Fundo de Apoio Social (FAS) (Social Support Fund - Angola)

Como as pessoas est?o  a receber os pagamentos do programa – electronicamente ou em dinheiro?

Este programa foi lan?ado no início da COVID-19 e, por isso, precisava ser flexível para atingir os beneficiários de forma eficiente e segura. De facto, a maioria dos beneficiários do Kwenda que recebem pagamentos electr?nicos está a ter acesso ao sistema financeiro pela primeira vez em suas vidas. Existem diferentes modalidades de pagamento, dependendo do contexto, cada uma adaptada às necessidades específicas das comunidades-alvo. Uma parte significativa dos pagamentos é feita através de meios digitais, tais como contas de dinheiro móvel que foram introduzidas pela primeira vez durante a pandemia, contas bancárias simplificadas ou subcontas no programa vinculadas a cart?es multicaixas que podem ser usados ??em qualquer terminal de pagamento automático ou Terminal de ponto de venda (POS). No entanto, com base no contexto, principalmente devido aos desafios de infraestrutura e conectividade, alguns beneficiários recebem pagamentos em dinheiro físico, mas ainda recebem um cart?o de débito vinculado a uma conta bancária criada pelo programa. ? medida que o programa se vai expandindo, , esfor?os est?o a ser  feitos para fortalecer a rede de acesso financeiro, envolvendo agentes locais e trabalhadores comunitários, para apoiar pagamentos digitais em comunidades muito remotas, onde os pagamentos em dinheiro s?o mais a norma. Esses agentes comunitários (ADECOS) e os centros de ac??o social (CASIs) desempenham um papel importante na implementa??o de Kwenda no nível local, ajudando no registro, pagamentos e reclama??es, além de facilitar o acesso dos beneficiários aos servi?os de saúde e educa??o.

Como este programa beneficiou as mulheres em particular?

Os pagamentos directos do governo para pessoa (G2P) podem ser uma poderosa incurs?o para a inclus?o financeira, superando as barreiras significativas que muitas mulheres enfrentam ao direcionar pagamentos digitais para mulheres beneficiárias. Como muitos dos agregados familiares visados ??s?o chefiados por mulheres (60 por cento), estas transferências monetárias fornecem recursos adicionais que empoderam  as mulheres a tomarem decis?es que melhorem os meios de subsistência, tais como melhorias na habita??o, envio dos filhos à escola e pagamento das propinas. ? medida que avan?amos nos pagamentos digitais, sabemos que digitalizar um fluxo de renda previsível para as mulheres é uma maneira de catalisar actividades geradoras de renda entre elas. No município de Seles, por exemplo, um grupo de mulheres se reuniu e criou pela primeira vez um mercado local em sua comunidade, onde vendem diversos produtos com outros membros da comunidade, multiplicando os benefícios recebidos pelo programa.

Quais foram alguns dos maiores desafios na implementa??o deste novo programa?

Angola é um dos maiores países da ?frica, onde uma parcela significativa da popula??o vive em áreas remotas. A infraestrutura é frágil e as condi??es das estradas s?o precárias, o que significa que pode ser um desafio alcan?ar as pessoas necessitadas. A falta de transporte e telecomunica??es torna especialmente difícil o acesso aos beneficiários. Em muitas comunidades rurais, n?o há mercados e a presen?a de pontos de pagamento e agentes é escassa. ? por isso que o programa usa diferentes ferramentas de pagamento – combinando mecanismos digitais com entrega física de dinheiro – para superar algumas dessas barreiras. O programa também possui pontos de pagamento onde os beneficiários podem receber seus pagamentos. Para os idosos e deficientes, os agentes comunitários ir?o para suas casas e entregam os benefícios pessoalmente – essa é uma forma de garantir que todos sejam incluídos.

Outro desafio é o baixo nível de alfabetiza??o dos beneficiários e a falta de um bilhente de identidade nacional. Para resolver isso, o programa facilita a abertura de contas bancárias ou móveis para beneficiários com o cart?o de identifica??o Kwenda específico do programa. Além disso, também está implementando um módulo básico de educa??o  financeira para os beneficiários. As Práticas Globais de Finan?as, Competitividade e Inova??o (FCI) e Prote??o Social e Emprego (SPJ) do Banco Mundial se uniram para impulsionar a agenda de digitaliza??o G2P no país. O projeto Kwenda, liderado pelo SPJ por meio de um financiamento de projeto de investimento de US$ 320 milh?es, serve como ponto de entrada para promover servi?os financeiros digitais, alavancando reformas apoiadas pela FCI na estrutura legal do sistema de pagamentos e na infraestrutura principal de pagamentos instant?neos. Em janeiro de 2022, o programa registrou mais de 502.000 famílias e quase 247.000 famílias já haviam recebido  pelo menos um pagamento de transferência em dinheiro desde maio de 2020.